Resposta biológica dos receptores adrenérgicos ao stress
Os receptores que recebem a ação da norepinefrina e da
epinefrina se chamam receptores adrenérgicos. Podem ser de tipo alfa ou beta.
Estão identificados os subtipos alfa1, alfa2, beta1, beta2 e beta3.
Revisaremos a ação de cada receptor nos diferentes tecidos,
em situação de stress agudo, quando o Sistema Nervoso Central ativa o Sistema Nervoso Autônomo.
Principio geral: os órgãos
que ajudam o organismo numa situação aguda de stress (fugir ou lutar) devem ser
ativados; os órgãos que não ajudam devem ser inibidos.
Abaixo, apresento uma lista de tecidos identificando os
receptores ativados em situação aguda de stress:
Cabelos: no stress
os cabelos se eriçam por contração do músculo pilus erector. O receptor
adrenérgico ativado é o alfa1.
Olhos: o músculo dilatador
da pupila se contrai e a pupila se dilata: os receptores são alfa1. Já o
músculo ciliar se relaxa e a lente se alonga, acomodando-se para visão ao longe:
os receptores são beta2.
Trato gástrico-intestinal:
os músculos lisos longitudinais, responsáveis pelos movimentos peristálticos,
devem ser inibidos: tem receptores beta2. Os músculos circulares que controlam
os esfíncteres devem contrair-se: os receptores são alfa1. Já os vasos
sanguíneos do sistema têm receptores alfa1 porque devem contrair-se.
Glândulas salivares:
inibição por estímulo dos receptores alfa2
(boca seca).
Artérias mesentéricas:
devem aportar menos sangue aos órgãos; seus músculos lisos se contraem; os
receptores são alfa1.
Sistema respiratório:
Por estimulação simpática, o Sistema Nervoso Central ativa o centro
respiratório porque se necessita mais O2 e maior remoção de CO2. Os brônquios
devem dilatar-se, seus músculos lisos devem relaxar-se e, portanto, seus
receptores adrenérgicos são beta2. Já os vasos dos brônquios devem-se contrair para
evitar hiperemia: seus receptores são alfa1. Os receptores beta1 no trato
gástrico-intestinal são, caso excepcional, relaxantes.
Coração: a
situação de stress requer maior débito cardíaco, ou seja maior volume sistólico
e maior frequência cardíaca. Os receptores são beta1 nos nódulos Sinusal e Atrio—Ventricular,
nas células de Purkinje e no miocárdio. Quando se estimula o nódulo sinusal a autonomicidade (formação de
impulso) e a velocidade de contração (cronotropia) aumentam. O estímulo do nódulo
átrio-ventricular resulta em velocidade aumentada (dromotropia +). O estímulo do
miocárdio aumenta a força da contração (ionotropia +).
Musculatura lisa do
sistema vascular. Pele: contração dos vasos: receptor alfa1. Trato gástrico-intestinal:
vaso constrição: alfa1. Rins: vaso constrição: alfa1. Musculatura esquelética:
vasodilatação: receptores beta2 . Os brônquios tem receptores beta2 porque
necessitam dilatar-se mas a musculatura lisa de seus vasos tem receptores alfa1
para contrair-se e evitar hiperemia.
Circulação cerebral e circulação
coronária: são tão importantes que não se regulam pelo Sistema Nervoso Autônomo;
são autorreguladas por metabólitos provenientes de suas próprias células. Tem quantidades
equiparáveis de receptores alfa1 e beta2.
Metabolismo. Fígado:
através da estimulação de receptores beta2 se inibe a glicólise, com aumento da
glicogenólise e consequente glicemia. Adipócitos: há estímulo de receptores
beta3 com aumento da enzima lípase, resultando lipólise por desdobramento de triglicerídeos
à ácidos graxos. Nos músculos esqueléticos os receptores beta2 inibem a
passagem de glicose a glicogênio para manter alta a glicose. Aqui aparece uma exceção.
Os mesmos receptores beta2 que inibem a formação de glicogênio a partir da
glicose, estimulam a enzima ATPase, com transporte de potássio para dentro da
célula. Os fusos musculares com demasiada estimulação simpática perdem sua capacidade de
regular as contrações musculares e se produzem tremores. Pâncreas: ativam-se os
receptores alfa2 com inibição da liberação de insulina e aumento de secreção de
glucagon.
Sistema urinário-genital: os músculos lisos do útero tem
predominância de receptores alfa1 na mulher não grávida; na grávida predominam os
receptores beta2. A estimulação simpática provoca relaxação do miométrio para
não prejudicar o feto. A ereção masculina e a secreção feminina são estimuladas
pelo sistema parasimpático; a ejaculação masculina e o orgasmo feminino pelo
sistema simpático (mas também entram outros neurotransmissores). Na bexiga urinária,
o músculo detrusor se relaxa: tem receptores beta2 predominando sobre os alfa1.
O esfíncter urinário interno se contrai: os receptores são alfa1. Quando uma pessoa
se urina em situação de stress é porque ocorreu uma disfunção do Sistema Nervoso
Autônomo. Nos rins, a porção juxtaglomerular necessita ativar-se para produzir
mais renina: seus receptores são beta1. Com a consequente liberação de aldosterona
mais água e sódio são retidos.
Glândulas sudoríparas: os receptores alfa1 são ativados e se produz
suor.
Durante exercício
físico: os receptores alfa1dos vasos sanguíneos podem ser seletivamente
bloqueados pela atividade nervosa simpática, permitindo aos receptores beta2 (
que provocam vasodilatação) dominar. Notar que somente os alfa1 nos músculos ativos
são bloqueados. Nos músculos inativos estes
receptores permanecem estimulados com
resultante vaso constrição.
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