Testosterona e derivados
O hormônio sexual masculino primário
se chama testosterona. Os testículos fabricam a testosterona quando estimulados
pelo hormônio luteinizante (LH). A quantidade diária de produção varia entre
2,5 e 11 mg por dia. O LH, por sua vez, é produzido na glândula pituitária por
influencia do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) fabricado no
hipotálamo. A testosterona e um derivado seu, a dihidrotestosterona (DHI), por
sua vez, atuam sobre o hipotálamo, inibindo a produção de GnRH, em um mecanismo
de retro-alimentação que inibe tanto a formação de mais testosterona como a
espermatogênese. A DHT se origina da testosterona por ação de uma enzima
chamada 5-alfa reductase (5AR).
A atividade da testosterona é
mediada por receptores androgênicos encontrados no citoplasma de células
integrantes de muitos tecidos do corpo. Uma vez acoplado ao receptor a
testosterona invade o núcleo e se liga a segmentos do ácido desoxirribonucleico
(ADN), ativando determinados ácidos ribonucleicos (ARN) mensageiros. Isto
aumenta a transcrição e leva, no caso de células musculares, a um aumento da síntese
de proteínas, especificamente de actina e miosina. Depois disso, os componentes
deste processo se dissociam e podem repetir o ciclo muitas vezes até serem
metabolizados.
Os efeitos androgênicos
(virilizantes), são causados por acoplamento do hormônio dihidrotestosterona
(DHT) aos mesmos receptores em certos tecidos como pele, couro cabeludo e
próstata.
Outros mecanismos de efeitos
anabólicos diretos ou indiretos incluem: a) ação inibitória dos
glicocorticoides por deslocamento destes de seus receptores; b) aumento da
atividade da creatinofosfoquinase nos músculos esqueléticos e c) aumento do
fator de crescimento da insulina 1 (IGF-1) na circulação.
O desenvolvimento dos esteroides
anabólicos androgênicos (EAA) se deve à necessidade de contar com ações
diferentes daquelas da testosterona. Quase sempre a tentativa foi a de contar
com agentes mais anabolizantes e menos androgênicos, que pudessem ser
administrados por via oral e com menor efeito sobre o eixo hipotálamo-
hipófise-gônadas. A maior parte dos EAA se deriva da testosterona, da
dihidrotestosterona ou da 19-nortestosterona.
Uma das primeiras modificações
efetuada na molécula de testosterona foi a adição, na posição do carbono 17, de
um grupo metila ou de um grupo etila. Com esta adição se inibiu a degradação
hepática da molécula, aumentando sua meia vida e tornando-a ativa por
administração oral. Sem esta modificação, a testosterona, a dihidrotestosterona
e a 19-nortestosterona, quando usadas por via oral, são metabolizadas na sua
primeira passagem pelo fígado, sem possibilidade de exercerem efeitos.
Entretanto, a modificação que permitiu a administração oral mostrou
inconvenientes. Notou-se o surgimento de toxicidade hepática diretamente
relacionada com a dosagem.
Fonte: Medscape.
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