Monday, August 12, 2013

Testosterona e derivados


O hormônio sexual masculino primário se chama testosterona. Os testículos fabricam a testosterona quando estimulados pelo hormônio luteinizante (LH). A quantidade diária de produção varia entre 2,5 e 11 mg por dia. O LH, por sua vez, é produzido na glândula pituitária por influencia do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) fabricado no hipotálamo. A testosterona e um derivado seu, a dihidrotestosterona (DHI), por sua vez, atuam sobre o hipotálamo, inibindo a produção de GnRH, em um mecanismo de retro-alimentação que inibe tanto a formação de mais testosterona como a espermatogênese. A DHT se origina da testosterona por ação de uma enzima chamada 5-alfa reductase (5AR).

A atividade da testosterona é mediada por receptores androgênicos encontrados no citoplasma de células integrantes de muitos tecidos do corpo. Uma vez acoplado ao receptor a testosterona invade o núcleo e se liga a segmentos do ácido desoxirribonucleico (ADN), ativando determinados ácidos ribonucleicos (ARN) mensageiros. Isto aumenta a transcrição e leva, no caso de células musculares, a um aumento da síntese de proteínas, especificamente de actina e miosina. Depois disso, os componentes deste processo se dissociam e podem repetir o ciclo muitas vezes até serem metabolizados.

Os efeitos androgênicos (virilizantes), são causados por acoplamento do hormônio dihidrotestosterona (DHT) aos mesmos receptores em certos tecidos como pele, couro cabeludo e próstata.
Outros mecanismos de efeitos anabólicos diretos ou indiretos incluem: a) ação inibitória dos glicocorticoides por deslocamento destes de seus receptores; b) aumento da atividade da creatinofosfoquinase nos músculos esqueléticos e c) aumento do fator de crescimento da insulina 1 (IGF-1) na circulação.

O desenvolvimento dos esteroides anabólicos androgênicos (EAA) se deve à necessidade de contar com ações diferentes daquelas da testosterona. Quase sempre a tentativa foi a de contar com agentes mais anabolizantes e menos androgênicos, que pudessem ser administrados por via oral e com menor efeito sobre o eixo hipotálamo- hipófise-gônadas. A maior parte dos EAA se deriva da testosterona, da dihidrotestosterona ou da 19-nortestosterona.
Uma das primeiras modificações efetuada na molécula de testosterona foi a adição, na posição do carbono 17, de um grupo metila ou de um grupo etila. Com esta adição se inibiu a degradação hepática da molécula, aumentando sua meia vida e tornando-a ativa por administração oral. Sem esta modificação, a testosterona, a dihidrotestosterona e a 19-nortestosterona, quando usadas por via oral, são metabolizadas na sua primeira passagem pelo fígado, sem possibilidade de exercerem efeitos. Entretanto, a modificação que permitiu a administração oral mostrou inconvenientes. Notou-se o surgimento de toxicidade hepática diretamente relacionada com a dosagem.


Fonte: Medscape.