Saturday, January 02, 2021

História da Atividade Física na Medicina: Portugal

 

Até a metade do século XVIII a medicina portuguesa esteve marcada pela concepção galênica. A doença era explicada pelo desequilíbrio dos humores, pelo sobrenatural e pela magia. A cultura portuguesa, e junto com ela a medicina, se manteve fechada às inovações filosóficas e cientificas do iluminismo devido as influências da escolástica e da igreja católica.

Nas obras médicas da primeira metade do século, a preocupação dominante, senão a única, era a da preservação da saúde. Raramente nelas se encontrava uma concepção de desenvolvimento integral do ser humano. 

Na segunda metade do século, alguns médicos e educadores de vanguarda passaram a olhar a Educação Física como uma condição fundamental do desenvolvimento global do indivíduo, incluindo a preservação da saúde. Desenvolveu-se uma atmosfera propícia à renovação dos estudos médicos, procurando retirar da medicina a influência do mágico e do religioso e difundir os preceitos racionalistas.

 

Aparece em Portugal a influência do pensamento de John Locke que em sua obra “Da Educação das Crianças”, enfatizava a importância da prevenção como o meio mais eficaz para preservar a saúde infantil. Esta prevenção incluía a ação transformadora do exercício físico desde os primeiros anos.

 

Era com base nesse pensamento preventivo que se defendeu em Portugal a ação transformadora do exercício físico desde a primeira infância. As atividades eram recomendadas de acordo com a idade e compreendiam desde as brincadeiras na infância. Na puberdade devia-se aprender a nadar nos rios e no mar. Mais tarde apareciam a esgrima e a caça. Considerava-se que o exercício possuía diversas utilidades, agindo sobre o que então se considerava (desde Descartes) a “máquina do corpo humano”. A educação física seria a solução não só para preparar as crianças para os rigores da vida, mas também uma medida para livrar os homens da indolência em que viviam.