Monday, December 02, 2019

História da Atividade Física na Medicina – A Renascença


Durante a idade média imperou o asceticismo monástico, tratando o corpo e a alma como entidades separadas. O corpo era considerado menos importante. Apesar disso, a prática da atividade física teve seu lugar, tanto na preparação militar quanto nos torneios de cavalaria. Isto sim, sempre restringidos à aristocracia e aos varões. Durante o século XIII, o pensamento escolástico começa a ser questionado e dissemina-se o estudo dos textos que haviam constituído a cultura da Grécia e da Roma clássicas.
Com a Renascença, o ser humano passa a ser considerado um ente integral constituído por corpo, mente e alma. Surge um grande interesse na observação e intepretação de fatos referentes à anatomia e ao funcionamento corporal. Na educação, desenvolve-se um movimento em busca da formação do indivíduo integral, versado em artes, ciência, filosofia, religião e habilidades físicas.
Os ideais gregos clássicos, que incluíam a glorificação do corpo humano, ganham enorme aceitação. O corpo torna-se objeto da pintura e da escultura com incontável produção de obras de alto valor estético.
Os treinamentos físicos marciais e esportivos praticados no medievo são aprimorados e encontram grande difusão. Fica assentado que a manutenção de altos níveis de condicionamento físico potencializa o aprendizado intelectual.
Por todos estes motivos, o processo educativo renascentista inclui a educação física como parte fundamental. Foram criados centros de formação que colocavam a educação física a par com os estudos sobre ciências, línguas clássicas, história, geografia, matemática, astronomia e música. Este processo se disseminou por Itália, Alemanha, França e Espanha.
No período, além da prática de exercícios marciais, se popularizaram as competições com bola, caminhadas, corridas, luta livre, alpinismo, esgrima, saltos e lançamento de pesos, entre outras. Richard Mulster serve de exemplo do que foi desenvolvido na época: criou o termo “Football” para um jogo coletivo de chutar uma bola e sistematizou a atividade. Comentou que suas vantagens incluíam evitar o contato físico violento e desenvolver benefícios gerais para o corpo, devido ao movimento constante das pernas.  
Muitas personalidades renascentistas deram grande atenção ao corpo, ajudando a desenhar a imagem do homem novo que substituiu o poder das armas pelo poder das letras e o culto aos exercícios físicos. Dentre estas personalidades, se destacaram: Vitorino Da Feltra (1378-1446), Enea Silvio de Piccolomini (1405-1464), Elio de Nebrija (1444-1522), Leonardo da Vinci (1452-1519), Erasmo de Rotterdam (1467-1536), Nicolas Macchiavello (1469-1527), Michelangelo Buonarroti (1475-1556), Baltasar de Castiglione (1478-1529), Thomas More (1478-1535), , François Rabelais (1483-1553), Martin Luther (1483-1529), Luigi Cornaro (1484-1566), Ludwig Vives (1492-1540), Hierosme de Monteux (1495-1560), , Joachim Camerarius (1500-1574) Robert Estienne (1503-1559), Miguel Servet (1509-1553), Ambroise Paré (1510-1590), Andreas Vesalius (1514-1564), Laurent Joubert (1529-1582),  Richard Mulcaster (1530-1611), Michel de Montaigne (1533-1592), e outros.   
Do ponto de vista da moderna Medicina Preventiva o mais destacado foi Luigi Cornaro.