História da Atividade Física na Medicina – A Renascença
Durante a idade média imperou o asceticismo
monástico, tratando o corpo e a alma como entidades separadas. O corpo era
considerado menos importante. Apesar disso, a prática da atividade física teve
seu lugar, tanto na preparação militar quanto nos torneios de cavalaria. Isto
sim, sempre restringidos à aristocracia e aos varões. Durante o século XIII, o
pensamento escolástico começa a ser questionado e dissemina-se o estudo dos
textos que haviam constituído a cultura da Grécia e da Roma clássicas.
Com a Renascença, o ser humano passa a ser
considerado um ente integral constituído por corpo, mente e alma. Surge um
grande interesse na observação e intepretação de fatos referentes à anatomia e
ao funcionamento corporal. Na educação, desenvolve-se um movimento em busca da
formação do indivíduo integral, versado em artes, ciência, filosofia, religião
e habilidades físicas.
Os
ideais gregos clássicos, que incluíam a glorificação do corpo humano, ganham
enorme aceitação. O corpo torna-se objeto da pintura e da escultura com
incontável produção de obras de alto valor estético.
Os
treinamentos físicos marciais e esportivos praticados no medievo são
aprimorados e encontram grande difusão. Fica assentado que a manutenção de
altos níveis de condicionamento físico potencializa o aprendizado intelectual.
Por todos estes motivos, o processo educativo
renascentista inclui a educação física como parte fundamental. Foram criados
centros de formação que colocavam a educação física a par com os estudos sobre
ciências, línguas clássicas, história, geografia, matemática, astronomia e
música. Este processo se disseminou por Itália, Alemanha, França e Espanha.
No período, além da prática de exercícios marciais,
se popularizaram as competições com bola, caminhadas, corridas, luta livre,
alpinismo, esgrima, saltos e lançamento de pesos, entre outras. Richard Mulster
serve de exemplo do que foi desenvolvido na época: criou o termo “Football”
para um jogo coletivo de chutar uma bola e sistematizou a atividade. Comentou
que suas vantagens incluíam evitar o contato físico violento e desenvolver
benefícios gerais para o corpo, devido ao movimento constante das pernas.
Muitas
personalidades renascentistas deram grande atenção ao corpo, ajudando a
desenhar a imagem do homem novo que substituiu o poder das armas pelo poder das
letras e o culto aos exercícios físicos. Dentre estas personalidades, se
destacaram: Vitorino Da Feltra (1378-1446), Enea Silvio de Piccolomini
(1405-1464), Elio de Nebrija (1444-1522), Leonardo da Vinci (1452-1519), Erasmo
de Rotterdam (1467-1536), Nicolas Macchiavello (1469-1527), Michelangelo Buonarroti
(1475-1556), Baltasar de Castiglione (1478-1529), Thomas More (1478-1535), , François Rabelais
(1483-1553), Martin
Luther (1483-1529), Luigi Cornaro (1484-1566), Ludwig
Vives (1492-1540), Hierosme de Monteux (1495-1560), , Joachim Camerarius
(1500-1574) Robert Estienne (1503-1559), Miguel Servet (1509-1553), Ambroise
Paré (1510-1590), Andreas Vesalius (1514-1564), Laurent Joubert (1529-1582), Richard Mulcaster (1530-1611), Michel de Montaigne
(1533-1592), e outros.
Do
ponto de vista da moderna Medicina Preventiva o mais destacado foi Luigi
Cornaro.
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