Quantidade Mínima de Exercício
Existe um limiar de intensidade necessário para
melhorar a capacidade cardiorrespiratória e reduzir os riscos cardíaco-metabólicos?
Em publicação recente, Carol Ewing Garber e
colaboradores divulgaram um posicionamento destinado como guia para a
prescrição de exercício físico para adultos, aparentemente sadios, de todas as
idades. Este documento substitui o posicionamento do Colégio Americano de
Medicina Esportiva (ACSM, sigla em inglês) datado de 1998.
Muitas novidades aparecem nesta atualização. Uma
delas se refere à existência ou não de um limiar de intensidade de treinamento
necessário para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, e ao mesmo reduzir
os riscos cardíacos e metabólicos dos praticantes de atividades físicas
regulares. O que segue é um resumo do ponto de vista dos autores sobre o tema.
Conforme o princípio de treinamento por sobrecarga,
todo o exercício executado abaixo de uma intensidade mínima não desafia o
organismo em forma suficiente para aumentar o VO2 máximo e provocar melhorias
em outros parâmetros fisiológicos. Nem todos os estudos apontam a um mesmo
nível mínimo de atividade que seria benéfico. Esta falta de consistência pode estar
determinada pelos diferentes estados de condicionamento físico dos indivíduos participantes,
no momento de inicio dos estudos. Tudo indica que quanto melhor é o
condicionamento físico de um atleta, mais alto é o limiar de intensidade de
exercício necessário para conseguir melhora em seu VO2 máximo. Faltam estudos para determinar o mesmo se
aplica aos não atletas.
Ainda mais escassos são os dados existentes sobre o
limiar de intensidade de exercício necessário para modificar favoravelmente
outros fatores de risco metabólicos, tais como mudanças nos níveis de
colesterol HDL, colesterol LDL e, triglicerídeos. Tampouco existem muitos
estudos avaliando a pressão arterial, a intolerância à glicose e a resistência
à insulina.
Vários trabalhos sugerem que a intensidade de
exercício não influencia a perda de peso nem o acúmulo de gordura, mas estas conclusões
estão limitadas pela variabilidade no volume dos exercícios executados e por outros
fatores de confusão.
Um estudo com participantes sedentários que passaram
a caminhar três vezes por semana em sessões de 10000 passos, em ritmo
livremente escolhido por cada um, resultou em melhorias no perfil de lipo
proteínas e na expressão de genes envolvidos no transporte reverso de lipídeos,
sem nenhuma alteração no peso corporal ou na graxa total. Além disso, um estudo de 16 pares de gêmeos do
mesmo sexo, com padrões discordantes de atividade física, mostrou que volumes
maiores de exercício estavam associados a uma menor existência de gordura nas
vísceras, fígado, músculos bem como a menor quantidade de gordura total. Cada
gêmeo ativo tinha em geral 50% menos gordura visceral e 25% menos gordura abdominal
subcutânea, comparado ao seu irmão gêmeo sedentário.
O efeito de
curto prazo do exercício sobre a saúde mental, especialmente sobre a depressão,
pode ser uma função da intensidade do treinamento, embora um limiar específico
não tenha sido identificado. Existe alguma indicação de que o maior benefício
deriva de uma atividade igual ou superior a 17,5 kcal por kg por semana.
Referência:
Quantity and Quality of Exercise for Developing and Maintaining
Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently
Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise
Garber, Carol Ewing Ph.D., FACSM, (Chair); Blissmer, Bryan Ph.D.; Deschenes,
Michael R. PhD, FACSM; Franklin, Barry A. Ph.D., FACSM; Lamonte, Michael J.
Ph.D., FACSM; Lee, I-Min M.D., Sc.D., FACSM; Nieman, David C. Ph.D., FACSM;
Swain, David P. Ph.D., FACSM
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