História da Ciência do Exercício - A hipótese dos transportadores (shuttle) de lactato
A hipótese
dos lançadores (shuttle) de lactato foi proposta pelo professor George Brooks ao
descrever o movimento do lactato dentro das células e entre células. Está
baseada na observação de que o lactato é formado e utilizado constantemente em
diversas células tanto em condições aeróbicas como anaeróbicas. O lactato produzido em sítios com altas taxas de
glicólise e glicogenólise pode ser transportado a sítios remotos ou adjacentes,
incluindo o coração ou os músculos
esqueléticos, onde pode ser usado como precursor gliconeogênico ou como substrato para
oxidação.
Alem de seu
papel como fonte de energia para o coração, músculo, cérebro e fígado, a hipótese
também atribui ao lactato outros três papéis: a) como sinalizador nas reações
de redução e oxidação; b) na expressão de genes e c) no controle lipolítico. Estes
papéis adicionais originaram o termo ” lactormônio” em referência ao lactato como um hormônio
sinalizador.
Por muito
tempo o lactato foi considerado um subproduto resultante do desdobramento da
glicose nos momentos de metabolismo anaeróbico. A conversão de piruvato a
lactato no citoplasma é catalisada pela desidrogenase lática, como meio para
regenerar NAD a partir de NADH. O lactato é então transportado dos tecidos
periféricos ao fígado por meio do Ciclo de Cori onde passa a piruvato a través
da reação reversa usando a desigrogenase lática. Segundo esta lógica, o lactato
foi tradicionalmente tomado como um subproduto metabólico tóxico que poderia
originar fadiga e dor muscular durante o trabalho anaeróbico.
Já segundo a
lógica da hipótese dos lançadores de lactado, este deve ser considerado uma
fonte importante de energia, um influente precursor da gliconeogenese bem como
uma molécula sinalizadora (“um lactormônio”).
Como
consequência desta hipótese, atualmente polímeros de lactato são utilizados na
nutrição de atletas e no crescimento e proliferação de células para reparação
de tecidos. Como o lactado é a fonte de energia preferida pelos neurônios, sais
e ésteres de lactato estão sendo investigados para uso no tratamento de lesões
cerebrais em situações onde a glicólise se encontra inibida. Alem disso, se
observou que o bloqueio de alguns elementos do transporte do lactato, como a
lactato desidrogenase (LHD) e o transportador de monocarboxilato (MCT), oferece
a possibilidade de matar as células cancerosas. Ou seja, a
partir da fisiologia do exercício, a hipótese dos lançadores de lactato passa a ser utilizada em campos tão
diversos como reparação de tecidos, neurocirurgia e oncologia.
Resumindo:
um ponto de vista atual, que está ganhando novos adeptos, considera o lactato
como o vínculo entre a glicólise, da qual é um subproduto, e as redes enzimáticas mitocondriais, para as
quais ele é um substrato importante.
Referência:
George A. Brooks, PhD
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