Friday, December 14, 2018

Dor - III: Da Medula ao Cérebro


Existem várias vias (tratos) que conduzem os sinais dentro da medula, tanto em direção ao córtex cerebral como do córtex para baixo até a periferia. Duas destas vias estão envolvidas na condução do estímulo doloroso, desde seu ingresso no corno posterior até várias estruturas localizadas mais acima. São elas os denominados trato espinotalâmico e trato espinorreticular.

O trato espinotalâmico transmite informações para o tálamo sobre dor e temperatura. Os sinais transmitidos são importantes para a localização da dor.

Após a entrada dos feixes de fibras nervosas no corno posterior da medula, elas cruzam o plano mediano e depois ascendem pela substância branca que constitui o trato espinotalâmico. Ao chegar ao tálamo, estas fibras fazem sinapse com um terceiro neurônio, o qual ascende até terminar no córtex somato sensorial.
Além disto, estas fibras ascendentes também enviam informações para a substância cinzenta periaquedutal através de um trato chamado espinomesencefálico. Esta substância cinzenta periaquedutal está localizada ao redor do aqueduto cerebral no interior do mesencéfalo. Desempenha funções de modulação descendente da dor e no comportamento defensivo.
O trato espinorreticular ascende pela substância branca da medula espinhal muito próximo ao trato espinotalâmico. Se dirige à formação reticular e daí ao tálamo e hipotálamo. O primeiro neurônio se encontra no princípio do trato e faz sinapse com o segundo no corno posterior da medula; este cruza para o lado oposto e sobe até a formação reticular. A formação reticular é um conjunto de núcleos interconectados, localizada no tronco encefálico. Daí a informação é enviada a um núcleo do tálamo e depois projetada difusamente a todo o córtex cerebral.
No córtex, a dor atinge um nível consciente e desencadeia diferentes comportamentos. É possível que o trato espinorreticular alcance neurônios com grandes campos receptivos que podem cobrir vastas áreas corporais e desempenhar um papel na memória da dor e nos seus componentes emocionais. A experiência da dor é complexa e subjetiva e está influenciada por fatores como humor, crenças, genética e cognição (ex. distração e catastrofismo).
Uma rede muito ampla de conexões corticais é ativada durante a experiencia dolorosa aguda. As áreas mais comumente atingidas inclui a insular, o córtex pré-frontal, o córtex anterior cingulado, o tálamo e as áreas somáticas sensoriais primária e secundária.