Dor - III: Da Medula ao Cérebro
Existem
várias vias (tratos) que conduzem os sinais dentro da medula, tanto em direção
ao córtex cerebral como do córtex para baixo até a periferia. Duas destas vias
estão envolvidas na condução do estímulo doloroso, desde seu ingresso no corno
posterior até várias estruturas localizadas mais acima. São elas os denominados
trato espinotalâmico e trato espinorreticular.
O
trato espinotalâmico transmite informações para o tálamo sobre dor e
temperatura. Os sinais transmitidos são importantes para a localização da dor.
Após
a entrada dos feixes de fibras nervosas no corno posterior da medula, elas
cruzam o plano mediano e depois ascendem pela substância branca que constitui o
trato espinotalâmico. Ao chegar ao tálamo, estas fibras fazem sinapse com um
terceiro neurônio, o qual ascende até terminar no córtex somato sensorial.
Além
disto, estas fibras ascendentes também enviam informações para a substância
cinzenta periaquedutal através de um trato chamado espinomesencefálico. Esta
substância cinzenta periaquedutal está localizada ao redor do aqueduto cerebral
no interior do mesencéfalo. Desempenha funções de modulação descendente da dor
e no comportamento defensivo.
O trato espinorreticular ascende pela
substância branca da medula espinhal muito próximo ao trato espinotalâmico. Se
dirige à formação reticular e daí ao tálamo e hipotálamo. O primeiro neurônio
se encontra no princípio do trato e faz sinapse com o segundo no corno
posterior da medula; este cruza para o lado oposto e sobe até a formação
reticular. A formação reticular é um conjunto de núcleos interconectados,
localizada no tronco encefálico. Daí a informação é enviada a um núcleo do
tálamo e depois projetada difusamente a todo o córtex cerebral.
No córtex, a dor atinge um nível
consciente e desencadeia diferentes comportamentos. É possível que o trato
espinorreticular alcance neurônios com grandes campos receptivos que podem
cobrir vastas áreas corporais e desempenhar um papel na memória da dor e nos
seus componentes emocionais. A experiência da dor é complexa e subjetiva e está influenciada por fatores como humor, crenças, genética e cognição (ex. distração e
catastrofismo).
Uma rede muito ampla de conexões
corticais é ativada durante a experiencia dolorosa aguda. As áreas mais
comumente atingidas inclui a insular, o córtex pré-frontal, o córtex anterior
cingulado, o tálamo e as áreas somáticas sensoriais primária e secundária.