História: Exercício e Medicina no Japão
A medicina do Japão em
sua origem foi uma adaptação da medicina chinesa. A palpação do pulso era
fundamental para diagnosticar doenças; estas eram consideradas desarmonias
entre o corpo, a mente e o ambiente. Para curá-las os médicos antigos contavam
com a acupuntura e com um arsenal de ervas. Os padrões de doenças e tratamentos com o tempo formaram um sistema muito complexo. As principais
teorias chegavam ao Japão por meio de livros. Os japoneses então tratavam de simplificar
as formulações teóricas recebidas, integrando-as com suas percepções de saúde e
doença, criando um sistema medicinal diferente.
No período Edo (1603-1868), o processo de simplificação atingiu o seu
auge com um movimento de retorno aos mais antigos cânones chineses, seguidos de
uma revisão crítica. Este movimentou facilitou a integração da medicina
japonesa com a ocidental a partir do período da restauração Meiji (1868-1912).
No início do referido período,
os cientistas médicos japoneses que retornaram do ocidente se mostraram
desconformes com o condicionamento, a postura e a constituição física do povo
japonês. Nestes aspectos, a comparação com os habitantes dos países europeus e
norte americanos era muito desfavorável. Decorrente disto foi lançada uma
campanha para a melhoria das condições físicas da população. O primeiro método
utilizado foi o da ginástica sueca, importado em 1900. Mais tarde, começaram os
estudos médicos sistemáticos em condicionamento físico com a criação do
Instituto Nacional de Educação Física, em 1924. Nesta época, as pesquisas
tinham a única finalidade de melhorar a constituição física e a saúde do povo
japonês. A partir de 1931, decorrente
das ações bélicas ocorridas na Manchúria, a pesquisa passa a ser influenciada
pelo contexto da defesa nacional. Até o final da Segunda Guerra Mundial, as
atividades físicas livres e a prática de esportes sofreram restrições. A
pesquisa se concentrou menos nos esportes e mais no condicionamento físico orientado
ao treinamento militar.
Finalizada a guerra em
1945, os pesquisadores interessados em condicionamento físico e higiene do
trabalho fundaram a Sociedade Japonesa de Condicionamento Físico e Medicina do
Esporte. Aos profissionais médicos foram agregando-se pesquisadores de outras
disciplinas como educação física, dietética, enfermaria, fisioterapia e
psicologia.
Com o progressivo
envelhecimento da população, o sistema universal de saúde disponível para todos
os cidadãos japoneses, passou a sofrer uma enorme carga financeira. Isto conduziu, em tempos recentes, à procura de estratégias que ajudem os idosos a manter sua funcionalidade
física. Busca-se melhorar os vínculos entre os provedores de serviços de saúde
com os programas de atividade física.
Estudos populacionais
recentes mostram que proporções mais altas de adultos maiores (mais de 65 anos)
praticam atividades físicas regulares comparadas às contrapartes mais jovens (população
entre 25 e 65 anos). A inferência é a de que os ambientes de trabalho não
estimulam a realização de atividade física por parte de seus empregados. Como decorrência,
presenciamos hoje um movimento entre governo, associações profissionais e
entidades empresariais, visando criar condições que favoreçam a prática
rotineira de exercícios dentro da jornada laboral. Ainda é cedo para avaliar-se a efetividade
destas ações.