Friday, August 04, 2017

História: Exercício e Medicina no Japão

A medicina do Japão em sua origem foi uma adaptação da medicina chinesa. A palpação do pulso era fundamental para diagnosticar doenças; estas eram consideradas desarmonias entre o corpo, a mente e o ambiente. Para curá-las os médicos antigos contavam com a acupuntura e com um arsenal de ervas. Os padrões de doenças e tratamentos com o tempo formaram um sistema muito complexo. As principais teorias chegavam ao Japão por meio de livros. Os japoneses então tratavam de simplificar as formulações teóricas recebidas, integrando-as com suas percepções de saúde e doença, criando um sistema medicinal diferente.  No período Edo (1603-1868), o processo de simplificação atingiu o seu auge com um movimento de retorno aos mais antigos cânones chineses, seguidos de uma revisão crítica. Este movimentou facilitou a integração da medicina japonesa com a ocidental a partir do período da restauração Meiji (1868-1912).  

No início do referido período, os cientistas médicos japoneses que retornaram do ocidente se mostraram desconformes com o condicionamento, a postura e a constituição física do povo japonês. Nestes aspectos, a comparação com os habitantes dos países europeus e norte americanos era muito desfavorável. Decorrente disto foi lançada uma campanha para a melhoria das condições físicas da população. O primeiro método utilizado foi o da ginástica sueca, importado em 1900. Mais tarde, começaram os estudos médicos sistemáticos em condicionamento físico com a criação do Instituto Nacional de Educação Física, em 1924. Nesta época, as pesquisas tinham a única finalidade de melhorar a constituição física e a saúde do povo japonês.  A partir de 1931, decorrente das ações bélicas ocorridas na Manchúria, a pesquisa passa a ser influenciada pelo contexto da defesa nacional. Até o final da Segunda Guerra Mundial, as atividades físicas livres e a prática de esportes sofreram restrições. A pesquisa se concentrou menos nos esportes e mais no condicionamento físico orientado ao treinamento militar.

Finalizada a guerra em 1945, os pesquisadores interessados em condicionamento físico e higiene do trabalho fundaram a Sociedade Japonesa de Condicionamento Físico e Medicina do Esporte. Aos profissionais médicos foram agregando-se pesquisadores de outras disciplinas como educação física, dietética, enfermaria, fisioterapia e psicologia.

Com o progressivo envelhecimento da população, o sistema universal de saúde disponível para todos os cidadãos japoneses, passou a sofrer uma enorme carga financeira. Isto conduziu, em tempos recentes, à procura de estratégias que ajudem os idosos a manter sua funcionalidade física. Busca-se melhorar os vínculos entre os provedores de serviços de saúde com os programas de atividade física.


Estudos populacionais recentes mostram que proporções mais altas de adultos maiores (mais de 65 anos) praticam atividades físicas regulares comparadas às contrapartes mais jovens (população entre 25 e 65 anos). A inferência é a de que os ambientes de trabalho não estimulam a realização de atividade física por parte de seus empregados. Como decorrência, presenciamos hoje um movimento entre governo, associações profissionais e entidades empresariais, visando criar condições que favoreçam a prática rotineira de exercícios dentro da jornada laboral.  Ainda é cedo para avaliar-se a efetividade destas ações.